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Sistema de Exploração
Uma vez que a organização dos rebanhos de ovinos da raça Churra do Minho está intimamente relacionada com pastoreio conjunto de rebanhos de diferentes proprietários, estes podem atingir dimensões
com alguma expressão, existindo actualmente rebanhos comunitários com cerca de 150 fêmeas reprodutoras.
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É usual encontrar-se um número de machos relativamente reduzido para beneficiar um elevado número de fêmeas, atingindo por vezes a proporção de 1 macho para 40 ou 50 fêmeas. Este sistema de organização
permitiu, durante várias décadas, economizar nas despesas inerentes à manutenção dos machos reprodutores revertendo, por outro lado, a favor da fixação das suas particulares características étnicas.
Os rebanhos de ovinos, pertencentes normalmente a vários criadores de determinada aldeia, organizam-se, ainda hoje, de uma forma ancestral – em Vezeiras, existindo muitas vezes códigos e regulamentos seculares
que traduzem as regras de pastoreio, os responsáveis e até as áreas e modos de pastoreio.
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Neste sistema comunitário os animais são guardados à vez, sendo o número de dias de guarda do rebanho pelas zonas de baldio, proporcionais ao número de fêmeas que cada pastor possui nesse rebanho.
Esta prática ancestral, que sustenta a manutenção da raça Churra do Minho está actualmente em franco declínio, devendo-se principalmente ao êxodo rural, por emigração ou imigração para os centros urbanos,
em busca de melhores condições de vida. Resta actualmente apenas a população mais envelhecida e um número muito reduzido de novos criadores.
É igualmente característico deste sistema de organização a existência de um processo inequívoco de identificação dos ovinos, que se baseia na amputação ou corte estético das orelhas esquerda, direita
ou ambas conferindo um carácter único e permanente, exclusivo de cada criador.
A alimentação destes rebanhos é feita em sistema de pastoreio livre pelas serras em zonas de baldio, podendo ser complementado nos estábulos (casebres de pedra, com pouca ventilação e iluminação denominados
“cortes”) com fenos, de vegetação espontânea, produzidos nos chamados lameiros (pequenas parcelas de terra organizadas em leiras, localizadas nas margens das linhas de água ao longo das encostas das serras).
Os objectivos das explorações de CHEDM restringem-se à produção do tradicional borrego de leite, que possui uma carne de excepcional qualidade, reconhecida em toda a região do Minho. No entanto o rendimento
das explorações é reduzido, pois os borregos desta raça dificilmente dão carcaças de peso comercialmente interessante.
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A venda de borregos para consumo está normalmente associada a três períodos de vida bem definidos:
- Aos dois meses de idade, altura em que os borregos são vendidos e abatidos para consumo em restaurantes, passando muita vezes, infelizmente, por carne de cabrito. Este sistema é o que actualmente permite a maior valorização da carcaça destes animais, podendo atingir preços que rondam os 50 € por animal vivo, correspondendo a carcaças de 4 a 6 kg de peso médio.
- Com quatro a cinco meses de idade, altura em que geralmente se pratica o desmame, coincidindo normalmente com as épocas festivas do Natal ou Páscoa, graças à sazonalidade reprodutiva típica destes animais e podendo atingir um peso de carcaça que ronda os 8 a 10 kg.
- Ao ano de idade, é prática corrente o abate de machos castrados, principalmente para auto-consumo, permitindo desse modo a reserva de uma carcaça de peso mais significativo, entre os 13 a 15 kg, em média.
Para além da exploração creatopoiética, não se deve menosprezar a produção de estrume e o importante papel que estes animais têm na limpeza de campos, barrancos e serras, factores que de algum modo
têm mantido o interesse da sua exploração.
A produção de lã, para a raça Churra do Minho, não representa, actualmente, mais do que um mal necessário uma vez que, quer a qualidade do velo quer a quantidade da lã produzida são de muito baixo valor.
Estes ovinos são caracterizados por uma extrema rusticidade, comparável à dos caprinos de raça Bravia que consigo frequentemente coabitam, conseguindo sobreviver às precárias condições alimentares e de maneio a que são sujeitos.
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